terça-feira, 26 de março de 2013, 3h38
Notícias IBA
Produtor de algodão de Mato Grosso reconhece a importância de investir em qualidade
Os produtores de algodão mato-grossenses reconhecem a importância da qualidade da pluma na consolidação do status conquistado por Mato Grosso nos mercados nacional e internacional e também na conquista de novos consumidores. Esta foi uma das conclusões do Workshop "Qualidade do Algodão de Mato Grosso", realizado pela Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (AMPA) e […]
Os produtores de algodão mato-grossenses reconhecem a importância da qualidade da pluma na consolidação do status conquistado por Mato Grosso nos mercados nacional e internacional e também na conquista de novos consumidores. Esta foi uma das conclusões do Workshop "Qualidade do Algodão de Mato Grosso", realizado pela Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (AMPA) e pelo Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt) em Cuiabá.
"A participação dos associados da AMPA e seus representantes da área técnica comprova que estamos no caminho certo, que é a implantação de um programa de qualidade associado à certificação. Essa proposta será agora discutida em assembleia", afirmou Milton Garbugio, presidente da AMPA e do IMAmt, que fez a abertura e o fechamento do workshop, realizado com recursos do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA).
Durante aproximadamente oito horas, o público reunido no auditório do SENAR-MT, na última sexta-feira (22/03), assistiu a uma ampla exposição sobre todos os fatores que interferem na qualidade do algodão: da escolha da cultivar ao embarque, passando por vários aspectos do manejo da lavoura e o beneficiamento da pluma nas algodoeiras. "Não existe uma etapa mais importante quando se fala em qualidade da pluma, já que todas são igualmente fundamentais", garante o pesquisador Jean Belot, do IMAmt, coordenador do projeto Monitoramento da Qualidade da Fibra do Algodão de Mato Grosso e um dos palestrantes. A partir de amostras colhidas no campo, Belot e sua equipe estão trabalhando num diagnóstico da qualidade intrínseca do algodão mato-grossense.
"A questão da qualidade do algodão depende de escolhas e ações realizadas de uma ponta à outra, que envolvem também a segurança e a proteção de quem trabalha nas diversas etapas da produção", acrescenta Sérgio Dutra, consultor do IMAmt e responsável pela implantação do Programa da Qualidade do Algodão de Mato Grosso". Ao longo do workshop o exemplo da Austrália foi várias vezes citado como uma referência mundial em termos de qualidade de pluma de algodão. Segundo Dutra, a Austrália é hoje um case de sucesso graças à união dos produtores locais, que fizeram um trabalho coletivo em prol da qualidade da pluma do país, que está entre os cinco maiores exportadores mundiais de algodão, ao lado dos Estados Unidos, Brasil e Índia. Quanto ao questionamento dos cotonicultores mato-grossenses sobre a garantia de um prêmio para os produtores que apresentarem um selo certificando a qualidade de seu produto, os responsáveis pela implementação do programa em Mato Grosso dizem que esse tipo de resultado virá a médio prazo.
"Temos que dar esse primeiro passo agora, que é a aprovação e implementação de um programa de qualidade associado à certificação. O que a gente mais defende é a uniformidade da pluma e a transparência nas negociações de modo a garantir ao consumidor a qualidade da pluma de Mato Grosso como um todo", afirma Alvaro Salles, diretor executivo do IMAmt.
A visão de vários elos da cadeia – Vários aspectos da produção algodoeira em Mato Grosso foram abordados ao longo do workshop por diversos atores da cadeia. O presidente da AMPA e do IMAmt, Milton Garbugio, trouxe dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) mostrando os diferentes usos da fibra produzida em Mato Grosso. Em seguida, Carlos Alberto Menegati, diretor comercial de Algodão da Cooperfibra (Cooperativa dos Cotonicultores de Campo Verde) alertou para alguns fatores que vêm comprometendo a qualidade da fibra no Estado. De acordo com ele, os tipos de contaminação mais comuns são os provocados por caule, picão, capim, caramelização e resíduos plásticos (oriundos da lavoura) e sementes, peças metálicas, cordas sintéticas e lonas plásticas (oriundos das usinas de beneficiamento).
O palestrante seguinte foi Bruno Ziehfuss, gerente de vendas da Trützschler Indústria e Comércio de Máquinas (empresa sediada em Curitiba-PR), que apresentou novidades que ajudam a garantir a qualidade da fibra, como uma máquina de detecção de materiais contaminados. Os pesquisadores Jean Belot e Fábio Echer, do IMAmt, falaram sobre aspectos que podem comprometer a qualidade do algodão nas lavouras, como o clima, a altura da planta, pragas e doenças.
Essas informações foram complementadas pelo engenheiro agrônomo Francis Weber, da SLC Agrícola, que abordou o tema "Qualidade na Colheita" e deu uma série de dicas práticas para assegurar a qualidade do algodão no dia a dia das fazendas. O palestrante Fabrício José Seribelli, gerente comercial da Busa Indústria e Comércio de Máquinas Agrícolas (de Ituverava-SP), também fez uma apresentação bem didática sobre questões que afetam a qualidade da pluma no processo de beneficiamento.
A seguir, Sérgio Dutra, consultor do IMAmt, apresentou uma proposta preliminar de diretrizes para o Programa da Qualidade do Algodão de Mato Grosso. A última palestra foi proferida pelo engenheiro agrônomo Amândio Pires Junior, coordenador da equipe de Segurança do Trabalho e Prevenção de Incêndios, do IMAmt, que vem percorrendo usinas de beneficiamento de Mato Grosso visando realizar um trabalho preventivo. O workshop foi encerrado com um debate, coordenado por Wilhelmus Uitdewilligen, assessor técnico do IMAmt, e com o convite feito por Milton Garbugio para o 9º Congresso Brasileiro do Algodão (9º CBA), que será realizado em Brasília, de 3 a 6 de setembro. O evento é promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), mas será organizado este ano pela AMPA, tendo como um dos temas principais a qualidade do algodão brasileiro.