quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014, 1h17
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Pode haver retaliação à nova lei agrícola dos EUA, diz chanceler
BRASÍLIA – Em sua primeira audiência pública no Congresso Nacional desde que assumiu a chefia do Itamaraty, o chanceler Luiz Alberto Figueiredo afirmou que técnicos do governo estão "fazendo uma verificação com lupa" da nova Lei Agrícola dos Estados Unidos, conhecida como "farm bill". Ele não descartou uma retaliação caso o resultado não seja positivo […]
BRASÍLIA – Em sua primeira audiência pública no Congresso Nacional desde que assumiu a chefia do Itamaraty, o chanceler Luiz Alberto Figueiredo afirmou que técnicos do governo estão "fazendo uma verificação com lupa" da nova Lei Agrícola dos Estados Unidos, conhecida como "farm bill".
Ele não descartou uma retaliação caso o resultado não seja positivo para o país. A questão central é o pagamento de subsídios a cotonicultores dos EUA. "Existe sempre a possibilidade de retaliação nossa, mas obviamente o que nos interessa é resolver a questão, não é necessariamente retaliar. Essa é a análise que estamos fazendo e estamos em processo de diálogo com a parte americana com o objetivo de solucionar isso", disse Figueiredo, nesta quinta-feira, 6.
"Todas as possibilidades estão sobre a mesa", resumiu o ministro. Além do Itamaraty, os ministérios de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e de Agricultura também estão debruçados sobre o documento.
Ao longo de três horas, na audiência, Figueiredo mencionou temas da política externa brasileira e respondeu questionamento de senadores sobre temas como o conflito na Síria e o fluxo de haitianos ao Brasil.
"A nossa embaixada em Porto Príncipe está com um processamento de vistos para haitianos aceleradíssimo. Com meios limitados que temos, e diante do número enorme daqueles que pedem visto, estamos conseguindo conceder vistos no prazo de um mês, o que, convenhamos, não é um prazo tão alto", afirmou.
Acordo Mercosul-UE
Ao mencionar o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, o chanceler reconheceu dificuldades do processo, mas demonstrou otimismo sobre o desfecho do debate.
Figueiredo apontou uma "evolução sensível" do empresariado nacional sobre a importância do acordo e minimizou desentendimentos com a vizinha Argentina, que se mostrava resistente a seguir com o acordo.
"É inegável que haja algum tipo de dúvida a cada passo numa relação muito estreita como é a nossa dentro do Mercosul. Tenho a certeza que na Europa também aconteceu isso. Todo processo de integração tem dificuldades, mas elas são sanadas", afirmou.
Conselho de Segurança
Diante dos senadores, o chanceler defendeu a reforma de organismos internacionais e o pleito brasileiro para assumir um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
"Não pagamos um preço alto [em troca da vaga]. Não é que estamos gastando capital diplomático nisso. Estranho seria o Brasil se omitir. Aí sim acho que haveria críticas importantes de como um país do peso e porte do Brasil se omite numa hora em que a ONU está empenhada no debate", afirmou o ministro, na Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal.
Em sua fala de apresentação, Figueiredo mencionou temas como a importância do Mercosul para seus integrantes e ações adotadas diante de denúncias de espionagem dos Estados Unidos.
"As estruturas de governança global ainda não refletem as novas realidades que encontramos no campo internacional. A estrutura do Conselho de Segurança que temos hoje reflete um mundo de 70 anos atrás e, portanto, buscamos e buscaremos sempre mudar a governança, especialmente numa área tão delicada como da paz e segurança mundial", disse.
Fonte: Valor Econômico