terça-feira, 18 de junho de 2013, 4h07
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Praga em lavouras do Brasil provoca crise sanitária e econômica
Uma lagarta que cresce rapidamente, multiplica-se com velocidade e se alimenta de maneira voraz. No oeste da Bahia, em uma região de cerrado que engloba municípios como Barreiras, São Desidério e Luiz Eduardo Magalhães, as terras são de grandes planícies, com centenas de fazendas modernas, mecanizadas, que cultivam de tudo. O algodão é um dos […]
Uma lagarta que cresce rapidamente, multiplica-se com velocidade e se alimenta de maneira voraz.
No oeste da Bahia, em uma região de cerrado que engloba municípios como Barreiras, São Desidério e Luiz Eduardo Magalhães, as terras são de grandes planícies, com centenas de fazendas modernas, mecanizadas, que cultivam de tudo.
O algodão é um dos principais produtos. As lavouras se espalham por 147 propriedades e 260 mil hectares.
Todas as áreas já foram invadidas pela nova praga, caso da fazenda Santo Inácio, que fica no município de São Desidério. Uma propriedade típica do oeste baiano, tocada por agricultores que vieram do Sul do Brasil. Marcelo Kappes e o pai, Lauri, cultivam 1,2 mil hectares de algodão e atravessam um momento de crise.
Marcelo mostra de perto o estrago nas lavouras da família. Segundo ele, as primeiras lagartas apareceram no ano passado, mas foi só foi este ano que o ataque se tornou mais crítico.
Marcelo conta que se alimentando do botão floral, a planta não desenvolve as flores e sem flores, não forma o algodão.
A lagarta também pode comer outras brotações do algodoeiro ou ainda perfurar o fruto em uma fase mais avançada. De uma forma ou de outra, o ataque reduz a produtividade das lavouras, às vezes, de maneira violenta.
O problema se repete em todo o oeste da Bahia, mas a intensidade dos ataques varia bastante de uma fazenda para outra. Nas contas da Associação Baiana dos Produtores de Algodão, a helicoverpa deve provocar, nesta safra, uma queda na produção de cerca de 15\%.
Além de atacar o algodão, a lagarta também tem provocado estragos em outras culturas do oeste baiano, como milho, soja, feijão e sorgo. Segundo as associações de produtores, os prejuízos na região já passam de R$ 1 bilhão.
Na Esalq, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, que pertence a Universidade de São Paulo, trabalham alguns dos principais pesquisadores do Brasil no ramo do controle de pragas.
Celso Omoto é entomologista, especialista em insetos, e explica que o gênero helicoverpa é tido como extremamente prejudicial a nossa agricultura. “A helicoverpa armígera foi identificada recentemente no Brasil e esse relato foi comprovado pelos pesquisadores da Embrapa e da Universidade Federal de Goiás”, diz.
Um dos comportamentos que fazem da lagarta uma praga tão perigosa é justamente a capacidade de se alimentar de tudo o que é tipo de lavoura.
Técnicos e autoridades não sabem ao certo quando a praga entrou no Brasil, muito menos como e porque isso ocorreu. A helicoverpa armígera pode ter vindo com mudas ou plantas importadas, pode ter migrado naturalmente e há quem acredite em uma ação criminosa contra a agricultura brasileira.
O certo é que já há registros da lagarta em estados como Bahia, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, São Paulo, Piauí e Maranhão, Tocantins, Paraná e Rio Grande do Sul. Em alguns lugares, a espécie já foi identificada por cientistas, em outros ainda falta a confirmação oficial.